Quarta-feira, 26 de março de 2025 | ![]() |
A separação não é um momento fácil para o casal. Da união desfeita, restam mágoas, lembranças, saudades, arrependimentos e outros sentimentos difíceis de lidar. Os pais ficam confusos em relação às dificuldades econômicas e sociais provocadas pela separação e ao novo papel que terão de assumir. Em meio a esse turbilhão, há ainda uma complicada tarefa a enfrentar: falar sobre a separação com os filhos. Qual a melhor maneira de abordar esse assunto? Como será que eles vão reagir?
Para a psicóloga Tânia Aldrighi, antes de tudo é preciso lembrar que o divórcio não é necessariamente um problema. "Ao mesmo tempo em que algumas crianças apresentam problemas, outras têm uma melhora em sua relação com os pais e em seu desenvolvimento como um todo", afirma.
Segundo Tânia, o divórcio não deve ser tratado como segredo e não se deve menosprezar a capacidade de entendimento dos pequenos. "As modificações nas relações repercutem na rotina da família e a criança, independentemente da idade, percebe que algo não vai bem. O que diferencia é o entendimento do que está ocorrendo e a capacidade para lidar com o rompimento de vínculos", esclarece. A seguir, a psicóloga dá dicas de como lidar com as crianças nesse momento, de acordo com as faixas etárias.
Idade pré-escolar: Nesta fase, a criança está formando seus vínculos e têm os pais como modelo de comportamento. É preciso que eles preparem a criança para as mudanças e que as regras para as visitas estejam bem definidas e claras. "O principal aspecto neste momento é deixar claro que o divórcio não tem nada a ver com o comportamento da criança, que o pai e a mãe continuarão a cuidar dela e quem está se separando é o marido e a mulher e não os pais e os filhos", orienta Tânia.
Idade Escolar: A criança já tem capacidade para entender o que está acontecendo, mas é bom esclarecer que ela não tem responsabilidade pela separação. "Nesta época, a criança tem a fantasia onipotente de reconciliação dos pais e pode pensar que tem o poder de "re-unir" o casal. É importante dar espaço para que a criança expresse seus sentimentos e questionamentos, pois isso a ajuda a compreender o rompimento", afirma a psicóloga.
Adolescência: "A notícia do divórcio deve ser acompanhada de explicações das mudanças que devem ser processadas na rotina familiar, procurando garantir a continuidade do vínculo já existente", aconselha Tânia. A possibilidade de o adolescente participar na escolha da custódia deve ser discutida, mas sem que se dispute a "lealdade" a um dos pais.
Depois de conversar com os filhos, a apreensão continua, pois apesar de todos os cuidados tomados pela família, é difícil prever como eles irão lidar com a situação. É claro que cada um irá se comportar de uma determinada maneira. No entanto, a psicóloga Tânia revela como as crianças e jovens costumam agir diante do divórcio dos pais:
Pré-escolar: Nesse período, a criança está começando a ir a escola e a fazer amigos. Ela precisa que sua rotina familiar não seja interrompida, para dar andamento a essa etapa de seu desenvolvimento. "Como está desenvolvendo o senso de realidade, tende a interpretar a separação como culpa e assume a responsabilidade na reconstrução da relação. Tende a regredir um pouco no comportamento, fazer xixi na cama e demonstrar insegurança quando há necessidade de separar-se dos pais", avisa a psicóloga.
Escolar: Geralmente, não consegue lidar com o rompimento e tenta resolver o problema como se fosse responsabilidade sua. "Os problemas mais comuns estão ligados aos problemas escolares, de comportamento e rebeldia frente às figuras de autoridade", explica Tânia.
Adolescente: "Fica zangado com as mudanças dos pais, pois nesta fase precisa de uma base segura e, muitas vezes, é exigido um amadurecimento precoce do adolescente", alerta a psicóloga. Se o adolescente se sente leal à mãe, por exemplo, esse sentimento pode gerar conflito e hostilidade com o pai em algumas situações, como o início de um outro relacionamento. Se o divórcio é problemático, a angústia do adolescente pode se manifestar no fracasso escolar, na agressividade, e no uso de álcool e drogas. Caso contrário, pode ser uma experiência positiva de amadurecimento.
"Muitas vezes, o divórcio aparece como uma medida extrema, porém necessária. É uma disputa entre duas pessoas que em algum dia se escolheram acreditando que formavam um casal ideal. Portanto, não termina com uma simples assinatura de um papel, o divórcio emocional termina quando a família volta a se reestruturar e cada membro da família retoma a sua vida", destaca Tânia. A seguir, leia algumas dicas que tornam esse processo mais tranqüilo e menos traumático:
"Durante o processo do divórcio a família toda está numa crise. Todos se sentem responsáveis e culpados, buscando soluções ou toda espécie de explicações que contenha esta culpa", explica Tânia. Por isso, o diálogo e o espaço para a expressão dos sentimentos são fundamentais para esclarecer os questionamentos da criança ou adolescente.
Os pais também se sentem culpados. "Se pudessem voltar no tempo tentariam reconstruir a história de uma outra maneira, para que a família não vivenciasse essa crise", esclarece a psicóloga. A história de vida de cada um é fruto de suas escolhas e ficar imaginando como teria sido se as escolhas fossem outras não muda nada e só gera sentimentos ruins. Além disso, não há escolhas certas ou erradas, pois não podemos prever o que vai acontecer no futuro.
O comportamento dos pais após o divórcio é que vai determinar a estabilidade ou instabilidade da família. Não se prenda ao pensamento de que nada valeu a pena e que tudo poderia ter sido diferente. Pense nas coisas boas que a família viveu, nos filhos que essa união gerou e no que pode ser feito daqui para frente para que as relações familiares sejam reorganizadas e não desmanteladas.
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