Terça, 19 de março de 2024
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Pai e mãe, cúmplices na educação

Por Lucy Casolari *


O pai diz não e a mãe deixa. Quem já não viu essa cena? Saiba que entre o discurso da bruxa e do bonzinho o prejudicado é seu filho!

Situações de discordância costumam causar desconforto entre o casal, pois cada um se considera coberto de razão e é difícil, para quem "perde", lidar com a sua desautorização diante dos filhos. Sem dúvida as crianças usam de artimanhas para alcançar seus intentos: uma delas é fazer agrados e elogios para transformar em aliado aquele que, no momento, parece estar mais acessível.


Outra tática é armar a maior cena, com direito a choro e ranger de dentes, na tentativa de desestruturar e dobrar o mais impaciente. Ainda há outras que, diante de uma negativa de um dos pais, correm para o outro com o mesmo pedido e, se conseguem... Bem, o impasse entre o casal está criado. Claro, vale tudo para satisfazer a vontade do momento, seja ganhar um tempo a mais na frente da TV, ir à casa do amigo ou adiar a hora da lição.

Desejos e vontades

A insistência das crianças e suas estratégias de vencer pelo cansaço são muito conhecidas. Quando querem, fazem de tudo para que seus pedidos sejam atendidos. Esse comportamento revela, de certa forma, desejo de autonomia, portanto, sinal de crescimento. Mas se perceberem que os pais se desentendem quanto às exigências e regras, deitam e rolam... Acabam ditando as normas da casa, como pequenos reis e rainhas, mas se sentem inseguras e carentes de limites.


Detentores desse poder, para o qual ainda não estão prontos, vão exercendo uma espécie de tirania que se agrava a cada "batalha vencida". Nessa inversão de papéis tudo vai se tornando mais difícil, o sentimento de insegurança se agrava, pois precisam de parâmetros claros que não encontram na atuação dos pais. Se isso começa a acontecer quando ainda são pequenos, por volta dos 3 ou 4 anos como contornar a questão à medida em que crescem? E o que será, então, na adolescência?

Sempre é tempo

Num casal, formado por duas pessoas que vêm de famílias diferentes, com seus próprios códigos de comportamento, é possível que haja discrepância de opiniões e até conflito de valores. Sejamos francos, manter a desejável sintonia - sempre - pode não ser uma tarefa fácil, mas não é missão impossível.


O primeiro passo é uma conversa entre pai e mãe para estabelecerem juntos um consenso em relação às metas e objetivos para a educação dos filhos. É interessante que seja um papo direcionado a buscar os pontos em comum e não em fincar o pé nas diferenças, caso contrário torna-se difícil alcançar a cumplicidade necessária. Lembre-se: a aliança precisa ser consolidada a partir de um número mínimo de regras básicas, não adianta querer instituir uma quantidade excessiva de procedimentos e critérios, pois é fácil se atrapalhar num universo mais amplo.

Vamos combinar!

Prioridades estabelecidas, é hora de deixar claro para os filhos, de forma firme e coerente, os limites combinados. Outro ponto a ser esclarecido é demonstrar que essas decisões foram tomadas em conjunto pelos pais e que nenhum deles vai ceder nesses pontos. Daí para adiante, atenção redobrada para manter o que foi estabelecido como regra. Se houver alguma escorregada, é importante retomar o assunto, primeiro entre o casal e só depois com a criança, principalmente se ela foi beneficiada, ou levou vantagem aproveitando-se de alguma contradição dos pais.


Sempre que possível as discussões sobre quem está certo ou errado devem ser evitadas na frente dos filhos, porém não se esqueça de que eles são danadinhos para captar a mínima falta de sintonia no ar... Depois que o casal já tiver resolvido suas questões é interessante abrir, claro, apenas o suficiente, com as crianças. Respeitando sua idade e nível de compreensão é importante que percebam que os adultos também podem se desentender e depois voltar a se compreender. É, são coisas da vida mesmo... e, nada melhor que o cotidiano para ensinar essa verdadeira lição de tolerância.

Pais separados

Diferenças e divergências até maiores podem ocorrer entre casais que já não vivem mais juntos, sendo às vezes, pretexto para intermináveis e infrutíferas discussões. Claro que há necessidade de um consenso mínimo quanto à transmissão dos valores, mas parece impossível esperar por acordos quanto aos detalhes. Morando cada um dos pais numa casa, é provável que as regras não sejam as mesmas.


O convívio da criança nesses dois ambientes vai reforçar as diferentes realidades e clarear o que faz parte de cada universo: o do pai e o da mãe. Portanto procure evitar o desgaste de uma busca de unidade impossível e deixe que seu filho aprenda a lidar com as diferenças. Clareza e coerência continuam sendo desejáveis, mas referentes a cada um dos pais dentro dos próprios espaços e estilos.


* Lucy Casolari é pedagoga e educadora


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