Quinta-feira, 28 de março de 2024 |
Uma estrutura de ferroCarência de ferro pode gerar desde problemas como cansaço, fraqueza e apatia até anemia, comprometimento do crescimento e dificuldade de atenção. Fique de olho no seu filhote. |
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A deficiência de ferro é um problema bastante comum no mundo todo, especialmente entre crianças e adolescentes que estão em fase de crescimento e, portanto, necessitam demais desse mineral. As mulheres, devido à perda de sangue através da menstruação, e as gestantes, devido às necessidades do feto, também apresentam um risco maior. Apesar de estes grupos serem os mais suscetíveis, qualquer pessoa pode apresentar deficiência de ferro.
Ela pode ocorrer devido a vários motivos, como o aumento das necessidades, diminuição da absorção pelo organismo, perda de sangue e ingestão inadequada de ferro. Uma pessoa pode estar deficiente em ferro e não anêmica; mas, à medida que a deficiência piora e as reservas de ferro diminuem, a pessoa pode se tornar anêmica.
A anemia causada pela deficiência de ferro chama-se anemia ferropriva. Existem outros tipos de anemias nutricionais, causadas por deficiência de outros nutrientes como proteínas, vitamina B6, vitamina B12, ácido fólico, vitamina C, vitamina A, mas a anemia ferropriva é a mais comum.
O ferro faz parte da hemoglobina, substância dos glóbulos vermelhos responsável por transportar oxigênio para todo o corpo. Quando há deficiência de ferro, há comprometimento do tamanho e da quantidade de hemoglobina e, portanto, menos oxigênio disponível. O oxigênio é usado pelo organismo para a produção de energia. O ferro também atua no sistema imune, na produção de colágeno e na formação dos aminoácidos, atividades muito importantes, principalmente nas fases em que o indivíduo se encontra em crescimento.
A diminuição de oxigênio pode afetar todas as células do organismo. A criança com deficiência de ferro torna-se cansada, fraca, apática. Além disso, pode apresentar baixo ganho de peso, falta de apetite, irritabilidade, diminuição da atividade física, diminuição da capacidade de concentração, maior suscetibilidade às infecções.
Quando a deficiência progride para anemia severa, pode haver, também, comprometimento do desenvolvimento motor e do desempenho escolar, assim como distúrbios de comportamento (dificuldade de atenção, diminuição da interação social). Alguns estudos demonstram que, quando a anemia persiste por muito tempo ou é muito severa, estes danos podem não ser revertidos, mesmo após a correção das reservas de ferro. Por isso, a melhor coisa a se fazer é prevenir a deficiência de ferro e a anemia.
A quantidade ideal
Crianças de 1 a 10 anos necessitam de 10 mg de ferro por dia. Para assegurar que elas recebam as quantidades necessárias, é importante que elas tenham uma alimentação variada e composta por alimentos ricos em ferro.
Não é apenas a quantidade de ferro presente nos alimentos que importa. Também é necessário prestar atenção ao tipo de ferro, pois cada um é absorvido de maneira diferente. Existem dois tipos de ferro na dieta: o ferro heme e o ferro não heme.
O ferro heme é encontrado nos alimentos de origem animal, como carnes em geral, peixes, aves, fígado e vísceras. Ele é muito bem absorvido pelo organismo, duas a três vezes mais que o ferro não heme.
O ferro não heme é encontrado nos alimentos de origem vegetal, como leguminosas (feijão, lentilha, ervilha e grão-de-bico), vegetais de folhas escuras (espinafre, couve, mostarda, brócolis), frutas secas, cereais fortificados, alimentos integrais e gema de ovo. Ele é menos absorvido pelo organismo. A absorção deste ferro é influenciada por outros fatores da dieta. Fatores que melhoram a absorção do ferro não heme são o próprio ferro heme e a vitamina C. Portanto, se numa refeição seu filho estiver comendo carne (ferro heme) com espinafre (ferro não heme) e suco de laranja (vitamina C), tanto a carne como o suco farão com que o ferro do espinafre seja mais bem aproveitado. Da mesma maneira, existem alguns fatores presentes nos alimentos que diminuem a absorção deste ferro não heme: taninos (presentes nos chás, café e chocolate), fitatos (presentes na aveia) e o cálcio (presente no leite). Isso não significa que estes alimentos não devam ser consumidos. Eles podem ser consumidos, desde que não em excesso, fazendo parte de uma alimentação variada e equilibrada e nas horas certas.
Para ter uma idéia da quantidade média de ferro dos alimentos, dê uma olhada na tabela abaixo:
Para que seu filho receba a quantidade de ferro de que ele necessita, basta oferecer sempre algum tipo de carne, alguma verdura ou legume, uma leguminosa e uma fruta ou suco de fruta para melhorar a absorção do ferro.
Se ele receber, por exemplo, no almoço: 1 bife 2 colheres de arroz 1 concha de feijão 2 colheres de espinafre 1 fruta; e no jantar: 1 peito de frango 2 colheres de arroz 1/2 batata 1 suco de maracujá, ele estará recebendo as quantidades necessárias de ferro adequadas e que serão bem absorvidas pelo organismo.
Antes de mais nada, você deve se certificar de que seu filho esteja recebendo os alimentos adequados. Para isso, consulte um nutricionista ou pediatra. Se for necessário, aumente a quantidade dos alimentos ricos em ferro, principalmente os ricos em ferro heme. Muitas vezes, isso é suficiente para recuperar as reservas.
Entretanto, quando a anemia está instalada, as reservas de ferro do organismo já estão bem baixas e levará um tempo para que se recuperem. Neste caso, é necessário que seu filho receba suplementação e que seja acompanhado pelo médico até que as reservas voltem ao normal. A alimentação continua sendo parte importante do tratamento, pois, se ele não receber as quantidades necessárias de ferro através da dieta, a anemia voltará quando o medicamento for suspenso.
* Flavia Schwartzman é nutricionista, formada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com especialização em Nutrição Materno-Infantil, Mestre em Nutrição pela Escola Paulista de Medicina.
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