|
|
Xixi na roupa, xixi na cama
Por Dra. Márcia N. Cuminale
*
Seu filho já está grandinho e ainda não consegue segurar o xixi? Atenção, isso pode significar problema.
|
|
Depois de determinada idade, molhar a roupa e a cama podem ser sinais de uma disfunção chamada enurese, ou seja, a micção involuntária numa idade em que a criança já deveria ser capaz de controlar a musculatura que retém a urina. A enurese diurna não é normal acima dos 2 anos e meio e a noturna, além dos 5 anos. Ela se apresenta em duas formas. Confira:
* Primária, quando a criança nunca chegou a estabelecer o controle urinário.
* Secundária, quando acontece após um período (de mais de seis meses) de controle.
Saiba, porém, que até 20% das crianças apresentam falhas esporádicas até os 10 anos, tanto diurnas (provocadas por excitação, brincadeiras) quanto noturnas (cansaço, distúrbios emocionais). Nesses casos você não precisa se preocupar.
A criança que jamais conseguiu controlar a urina, portanto vítima da enurese primária, deve ser examinada por um especialista, pois ela pode, entre outras coisas, ter uma infecção que precisa ser tratada ou estar passando por problemas de fundo emocional. A enurese secundária, menos freqüente, também pode apresentar uma infecção urinária, prisão de ventre ou vermes, além de distúrbios emocionais, nesse caso bem mais freqüentes, normalmente ligados a questões como abandono, frustrações e conflitos não resolvidos.
Alguns truques podem ajudar
Uma das formas de tratar o problema é reiniciar o processo de aprendizado da retirada da fralda. Quando a enurese é noturna, diminuir a ingestão de líquido após o jantar pode ser de grande ajuda. Mas não se esqueça: antes de levar seu filho para dormir, faça-o urinar e peça a ele que "tente não molhar a cama". No entanto, se isso acontecer, acorde seu filhote e solicite sua ajuda para trocar o lençol e o pijama. Nunca o leve para sua cama porque a dele ficou molhada nem comente com outras pessoas - na frente dele - essa "falha". E consulte o pediatra: é ele quem pode ajudar os pais, respeitando a história da criança. Além de um tratamento adequado, ele poderá indicar uma psicoterapia. De qualquer forma, nunca humilhe seu filho por esse motivo: ele precisa saber que é amado e ter confiança nos pais para superar essa etapa difícil.
* Dra. Márcia N. Cuminale é pediatra.
cuminalemarcia@uol.com.br
Ilustração Cecília Esteves