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Refluxo, dor e sofrimento para o bebê

Por Carla Oliveira * em 25/06/2004


Se o seu bebê regurgita com muita freqüência, se recusa a mamar e, quando mama, chora como se estivesse sentindo dor, ele pode estar sofrendo de refluxo gastroesofágico

A maioria dos bebês costuma regurgitar pequenas quantidades de leite após mamar. Isso é absolutamente normal e não traz nenhum desconforto para ele - é o chamado refluxo gastroesofágico fisiológico. No entanto, alguns recém-nascidos podem apresentar o refluxo gastroesofágico patológico, que é causado por uma falha no mecanismo céfalocaudal (responsável pela movimentação do alimento da boca até o ânus) e provoca uma série de sintomas e até mesmo doenças.


Quando o alimento é ingerido, o sistema digestivo aciona o mecanismo de peristaltismo, que faz "descer" o alimento da boca para o esôfago, daí para o estômago e em seguida para o intestino, até ser eliminado pelo ânus. Entre o esôfago e o estômago, existe uma válvula chamada esfíncter esofágico inferior que impede o retorno do alimento do estômago para o esôfago. Nos bebês que sofrem de refluxo patológico, essa válvula não funciona corretamente e por isso o alimento "volta".

Atenção aos sintomas!

A criança que apresenta essa o refluxo patológico regurgita com muita freqüência, em praticamente todas as mamadas e às vezes duas ou três vezes a cada vez que mama. Além disso, a quantidade de leite que ela devolve é bem maior se comparada à de um bebê que não sofre desse problema. Por regurgitar quase todo o alimento que ingere, o bebê tem dificuldade para ganhar peso.


"Depois de regurgitar muitas vezes, o bebê sente uma dor muito forte no peito porque o ácido gástrico que é produzido no estômago provoca queimação quando passa pelo esôfago", explica o pediatra Jamal Wehba. Por conta disso, o bebê chora muito e se recusa a mamar. Em alguns bebês, o refluxo pode causar broncoespasmo, isto é, chiado no peito quando respira, ou também apnéia, que é a suspensão momentânea da respiração.


Em alguns casos, o bebê chega a ter crises que se assemelham a uma convulsão. "Ele estica os braços e vira a cabeça para trás, dando a impressão de que está tendo um ataque epilético. Os pais podem pensar que é algum problema neurológico, mas na verdade a causa pode ser o refluxo", explica o Dr. Jamal.

O que fazer para ajudar o seu bebê

É muito importante tratar o refluxo, pois além de todos os sintomas desagradáveis que ele causa nos bebês, existe a possibilidade de ocorrer uma série de problemas. A passagem constante de ácido gástrico acaba provocando estreitamento do esôfago, o que dificulta a passagem do alimento, e alteração epitelial que, futuramente, leva ao desenvolvimento de câncer.


Existem alguns "truques" que reduzem a intensidade do refluxo, como dar mingau para a criança depois de mamar, para engrossar o líquido que está no estômago e dificultar seu retorno para o esôfago. "Imagine que você entorne um copo de água. A água vai cair rapidamente. Se você encher o copo com mel e entorná-lo, o mel vai demorar mais para cair, pois é mais espesso. É isso o que o mingau faz", compara o Dr. Jamal.


Se o bebê não mama no peito, existem leites industrializados específicos para quem sofre de refluxo, chamados de AR (Anti-Refluxo). "Outro artifício bastante eficaz é elevar a cabeceira do berço do bebê, usando um calço. Quando o refluxo é muito forte, alguns bebês precisam dormir praticamente sentados, com a ajuda de um suporte", explica o Dr. Jamal. Além disso, o bebê deve dormir de lado e deitado sobre o seu lado direito.


Depois que o bebê começa a ingerir outros alimentos, é preciso evitar os muito gordurosos, cuja digestão é mais lenta e difícil, e os que pioram a acidez como chocolate ou refrigerante. Mas, lembre-se de que você não deve seguir todas essas recomendações sem antes consultar um pediatra!

E se não funcionar?

Caso esses "truques" não resolvam o problema, existem alguns remédios que inibem a produção da secreção ácida do estômago ou que tamponam a acidez (os antiácidos). Também existem remédios pró-cinéticos, que ajudam a coordenar a movimentação céfalocaudal. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de uma cirurgia para corrigir a falha no esfíncter esofágico inferior. É um procedimento simples, feito por laparoscopia.


"Em 60% dos casos, o bebê está curado até os 9 meses de idade. Além de todo o tratamento, a introdução de alimentos sólidos na dieta do bebê e a própria maturação do seu organismo por si só já melhoram o problema", afirma o Dr. Jamal. No restante dos casos, o refluxo vai melhorando com o passar do tempo, mas nunca pode deixar de ser tratado.


Comentário:    
       
Aislan 17 de March de 2011 | 22h 03

Saudações; Sobre a declaração de que o bebê deve dormir de lado e deitar sobre seu lado direito há controvérsias. A pediatra do meu filho recomendou que deitássemos ele sobre o lado esquerdo devido a curva existente na entrada do estômago. E agora, quem devo seguir?

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