Terça, 19 de março de 2024 |
Recentemente, numa grande escola de São Paulo, professores conversavam sobre um estranho fenômeno que vinha ocorrendo dentro das salas de aula: a presença de um número cada vez mais significativo de alunos cansados, com sono. Alguns chegavam a ressonar. Ao mesmo tempo, vinha sendo verificado, também, por parte de outros alunos, um expressivo aumento de faltas à escola.
Preocupados, os professores levaram os fatos à coordenação. Bem, não foi preciso nenhum mágico poder para se descobrir, junto aos pais, o que estava por trás da canseira e das faltas. Era nada mais, nada menos do que o uso da Internet nas madrugadas, por horas a fio...
A idade dos alunos? Doze, treze anos. Mas todos sabemos que o mergulho na rede é, hoje, uma realidade que ocorre bem antes disso. Parece exercer o papel de babá eletrônica, também, assim como a TV. Os pequenos se encantam com os jogos, as animações e cores dos sites, com a interação que propiciam. Os maiores vão em busca dos mais diversos interesses.
É uma geração que nasceu com o mouse nas mãos, apropria-se da máquina com uma rapidez enorme! Ensina os pais. Até aqui, tudo bem. Mas, como fazer com que seu filho, desde cedo, tenha bom senso e cautela no uso dessa fonte de informação tão ampla e navegue, ao menos enquanto é pequeno, com alguma segurança?
Equilíbrio parece ser a primeira questão a ser observada e trabalhada junto aos filhos. Se navegar é preciso, viver também o é... Nunca é demais reforçar que a vida real precisa ser estimulada. O mundo em que os filhos estão inseridos é o mundo das luzes artificiais dos shoppings, do videogame, dos namoros virtuais, das salas de bate-papo e dos sites em que a imaginação parece não ter fim. Por isso mesmo, cabe aos pais, desde cedo, impor limites e regras no uso do computador, em relação ao tempo e à forma de utilização.
Quando se pensa no episódio que abre esse artigo, percebe-se como crianças e adolescentes estão sem parâmetros no uso da rede. Muitas vezes as pessoas se maravilham com a facilidade de acesso à informação, mas se esquecem de que também podem ficar demasiadamente expostas se cuidados não forem tomados.
Pensando nisso, aqui vão alguns itens que valem ser observados junto a seu filho:
Não. Esses são alguns cuidados que podem ser tomados quando o interesse dos pequenos surge. Procurar acompanhar o processo, conversando continuamente com eles, parece ser fundamental para que, após um determinado tempo, possam estar um pouco mais seguros, independentes e os pais, mais tranqüilos.
Mais importante do que ter a certeza da segurança total (que não existe) é saber que os pais procuraram fazer com que houvesse condições básicas para que seus filhos buscassem usar esse canal de comunicação de forma eficiente e saudável.
A Internet veio, com certeza, facilitar o acesso às informações. No entanto, percebe-se que, no caso das pesquisas escolares, se o recurso não for utilizado com orientação ele pouco ajuda.
Hoje é comum que crianças e adolescentes acessem a rede, imprimam páginas inteiras de trabalhos já prontos (normalmente encontradas no primeiro site que abrem) e o entreguem à professora, na esperança de uma boa nota. Nada mais ilusório e infrutífero. Não ensina a colher dados, não auxilia na seleção de informações, não faz com que o aluno redija sua própria pesquisa, a partir do que julgou importante. Enfim, não desenvolve o trabalho intelectual.
Tanto os professores, quanto os pais precisam ajudar os alunos no sentido de tirar o melhor proveito desse novo instrumento. Indicar sites e CD-ROMs, além de dar o roteiro de pesquisa, com seus objetivos e orientações, é função da escola atual.
Quando esse percurso é realizado com a retaguarda de todos, ele só traz benefícios, uma vez que os recursos são atraentes e mobilizam crianças e adolescentes. O papel dos adultos, diante dessa nova fonte de informação, é o de fazer com que a usem como uma aliada no processo educacional. Para que isso aconteça, nada como estar por perto no começo da caminhada, ou melhor, da navegação... Só assim seu velejador terá as condições necessárias para se jogar de forma autônoma e consciente nesse imenso mar que é a rede.
A Childhood - pela proteção da infância preparou uma série de dicas para que os pais, escolas, crianças e adolescentes saibam como agir para garantir uma navegação segura: Navegar com segurança
Confira também a cartilha em quadrinhos da SaferNet: SaferDic@s em Quaddrinhos
* Norma Leite Brandão é pedagoga e educadora.
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