Quinta-feira, 28 de março de 2024 |
Nem sempre crianças e adolescentes baixos têm problemas relacionados à saúde. Muitas vezes trata-se apenas de um fator genético, mas isso pode se tornar uma grande preocupação. "É comum os pais virem ao consultório ao perceberem que seu filho é um dos mais baixos da turma. Outras vezes o próprio pediatra detecta que a criança, de repente, parou de crescer ou sofreu uma diminuição na velocidade do crescimento" explica a pediatra-endocrinologista Teresa Vieira.
Existem tabelas que indicam, de acordo com a idade e o sexo, a estatura média e o padrão de crescimento, isto é, quanto as crianças devem crescer a cada ano. A pediatra explica que apenas 3% das crianças se encaixam no padrão "baixo". Isto significa que, de cada 100 crianças, apenas três serão consideradas pequenas. Só que, dessas três, 85% são normais. Então por que elas são baixas? "Elas não crescem mais porque herdaram da família esses genes, essas características. Cada pessoa tem o seu "canal" de crescimento, a partir dos dois anos. Existem os que são sempre altos, os que estão sempre na média e os que são sempre baixos", conclui a médica.
Teresa Vieira explica que a época em que as pessoas mais crescem, durante a vida inteira, é ainda na barriga da mãe, no segundo trimestre da gravidez. Depois que a criança nasce, no primeiro ano de vida também cresce muito: cerca de 25 centímetros.
Conforme ela vai ficando mais velha, a velocidade de crescimento vai diminuindo. A partir dos três anos, o crescimento é de 5 a 7 centímetros por ano até que, de repente, o adolescente "estica". Isto ocorre quando ele entra na puberdade e começa a produzir os hormônios dos ovários ou dos testículos, o que ocorre nas meninas aos 10 anos e nos meninos dos 10 aos 11 anos, em média.
Esse rápido crescimento chama-se estirão e determina a última "arrancada", pois dois tipos de hormônios atuam juntos: o de crescimento e o sexual (feminino ou masculino). Depois disto, por volta dos 16 aos 18 anos, todos param de crescer. A estatura média das mulheres gira em torno de 1,63 m e dos homens 1,73m.
"A maioria das causas de mau-crescimento não são endocrinológicas, isto é, não são devidas a problemas hormonais", diz a dra. Teresa.
Pode-se dividir as causas de baixa estatura em dois grandes grupos:
Quando for descoberta uma doença que esteja interferindo com o crescimento, a dra. Teresa diz que esta deverá ser controlada para que a criança volte a crescer bem. Quando se constatar deficiência hormonal (falta de hormônio tireoidiano ou de crescimento), a reposição deverá ser feita em doses apropriadas. Problemas emocionais devem ser abordados e tratados por especialistas que trabalharão com a criança e sua família.
Mas, de repente, os pais podem querer que seu filho cresça apenas "mais um pouquinho", ainda que ele não apresente nenhum problema. "Se a criança não tem nenhuma doença, se não há deficiência hormonal e ela herdou os genes baixos da família, o médico tem que explicar que ser baixo não é uma doença" alerta a endocrinologista.
Ela explica que hoje em dia vivemos na era do "culto ao corpo", em que as pessoas podem manipular sua imagem de diversas maneiras, com exercícios especiais, cirurgias plásticas ou remédios. Algumas acreditam que, no caso da baixa estatura, se o médico receitar hormônio de crescimento a pessoa crescerá o quanto desejar.
Segundo a médica, este é um raciocínio simplista e obviamente subestima a complexidade de um quadro de baixa estatura. Deve-se ter muito cuidado com a manipulação: se uma criança que não tem nenhuma deficiência de hormônio de crescimento tomar este hormônio, poderá até ter sua puberdade antecipada. Ela cresce durante um tempinho, mas logo pára, não se beneficiando deste tratamento que é à base de injeções diárias e muito caro.
Teresa Vieira indica alguns fatores que ajudam a criança a crescer bem e saudável:
- Um ambiente de amor e harmonia é muito importante para o desenvolvimento do corpo e dos mecanismos psíquicos da criança. Quando ela é maltratada ou vive em lares desajustados, onde seus pais não a amam ou a rejeitam, ela não cresce.
- Atividades físicas: exercícios aeróbicos como natação, dança, corrida, bicicleta, aumentam o apetite, fortalecem os músculos e contribuem para um crescimento saudável.
- Alimentação variada, englobando alimentos de todos os grupos como carbohidratos, proteínas, gorduras, frutas, vegetais, é importante para que as células tenham nutrientes para crescer.
"Enfim, se a baixa estatura for tratável, ótimo. Vamos tratá-la corretamente. Se não for, tudo bem. Vamos ajudar nosso filho a crescer autoconfiante, adaptado, seguro de seus pontos fortes, apto a enfrentar desafios e a ser feliz" conclui Teresa Vieira.
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