Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025 |
Para responder a essa pergunta é necessário que nos lembremos um pouco do passado. De uma época em que as crianças, até os seis anos, não iam à escola e não eram tão expostas à linguagem escrita por meio de revistas, jornais, outdoors, videogames, computadores.
As letras mal existiam em seu cotidiano. Isso fazia com que iniciassem os estudos aos sete anos quando, então, o mundo escrito lhes era apresentado. Isso acontecia num ensino formal e dirigido. Como se elas só aprendessem aquilo que os adultos lhes mostrassem, de forma passiva. Definitivamente não é o que hoje ocorre.
Atualmente é reconhecido que o processo de alfabetização começa desde a mais tenra idade. Os estímulos são muitos e fazem com que seu filho lhe faça perguntas inesperadas, às vezes desconcertantes. Ainda que esse não seja um procedimento formal, acadêmico, não se engane: ele já está pensando sua escrita.
Faz isso ao desenhar no papel, ao inventar letras, combinar sílabas, ao pegar um livro e tentar adivinhar o que está escrito, contar histórias. São momentos importantes porque fazem com que se familiarize com a linguagem simbólica e levante hipóteses sobre a escrita alfabética. E esse é o começo de tudo.
Retirar essa experiência da vida de uma criança em nome do "momento certo" é olhar a aprendizagem sob o ponto de vista do adulto. Porque o "momento certo" é aquele em que ela nos procura, nos faz perguntas, mostra-se ávida por saber e descobrir coisas novas. E isso, no mundo de hoje, ocorre desde cedo.
O papel da escola de educação infantil e da família, nesse início de processo, é amplo e rico: é fazer com que a criança leia o mundo e comece a expor suas primeiras palavras e idéias no papel - ainda que não o faça de um jeito perfeito, correto, convencional. E isso não é fácil. Exige autoconfiança, crença em si próprio. Ela trocará letras, inverterá sílabas, inventará traçados. Tudo faz parte. Significa que está buscando aproximar-se desse universo simbólico.
Por esse motivo, propicie a seu filho um ambiente em que o mundo das letras esteja presente e que possa ser referência em suas descobertas. Aqui vão algumas dicas que podem ajudar a iniciação:
Essas pequenas iniciativas fazem com que a criança tenha mais recursos para solucionar suas dúvidas, buscar respostas. Valem mais do que extensos, mecânicos e insatisfatórios exercícios de caligrafia.
Na realidade, são maneiras de fazer com que o pequeno comece sua alfabetização com prazer, significado e gosto.
Também vale lembrar que, nesse período tão rico e repleto de descobertas, a escolha da escola de educação infantil é essencial. Evite as escolas chamadas "preparatórias", aquelas que garantem o ingresso fácil no ensino fundamental. Em alguns casos o ritmo de trabalho dos alunos é acelerado e isso faz com que haja perdas preciosas, quadro que se complicará mais tarde.
Uma boa pré-escola tem seu próprio projeto pedagógico e a passagem de seus alunos para a primeira série se faz de forma natural, como resultado de um processo construído ao longo da primeira infância.
Lembre-se: a aquisição da leitura e da escrita está profundamente ligada aos contatos com o universo escrito dos 0 aos 6 anos. Por isso mesmo, definir um momento certo para esse aprendizado, igual para todas as crianças, é desconsiderar experiência e maturidade individual.
Cada criança é única, fato que precisa ser considerado por escolas e famílias. Sempre. É o que dará a medida do tempo apropriado, o que permitirá que não se antecipe nem se retarde a alfabetização.
* Norma Leite Brandão é pedagoga e educadora.
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