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Mamães cangurus, alternativa para os prematuros
Por Luiza Helena Marcondes
* em 08/08/2001
Conheça um pouco mais sobre esse recurso eficiente, utilizado em alguns hospitais, no tratamento de bebês que nascem antes do tempo.
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Estar grávida é um dos momentos mais sublimes da vida da mulher, não é mesmo? Mas esse período é cercado de inquietações, medos e angústias que só terminam quando a criança nasce. Contudo, alguns problemas durante a gestação - como a hipertensão, por exemplo - podem antecipar a chegada do bebê.
Apesar da fragilidade do estado de saúde dos prematuros e os cuidados que o cercam, a cada dia novas técnicas surgem para livrá-los das complicações nos primeiros meses de vida. Entretanto, mesmo com os avanços da medicina, um velho recurso tem sido utilizado em certos hospitais e com bons resultados entre esses bebês valentes: a mãe canguru.
A técnica não é nova, mas funciona: consiste em colocar mãe e filho em contato direto. Leia-se corpo a corpo, pele a pele e calor a calor. O bebê, apenas de fralda, é enrolado junto ao peito da mãe com uma faixa ou um lençol. Para que tudo saia bem e os resultados sejam satisfatórios, a mulher deve permanecer nua - coberta com lençol e cobertor, dependendo da temperatura ambiente - e semi-deitada de forma que a criança fique de bruços sobre seu corpo.
Crises geram soluções
Desenvolvido na década de 70 pelo neonatologista e professor de pediatria da Universidade Nacional da Colômbia, Edgar Rey Sanabria, o método tinha por objetivo substituir a quantidade insuficiente de incubadoras nos hospitais. Sanabria buscou no reino animal a solução para seus problemas: todo bebê sadio, com mais de 2 kg e que precisasse engordar, ficaria "preso" ao corpo da mãe durante todo o dia, assim como os filhotes do canguru que permanecem dentro da bolsa da mãe para mamar e se proteger.
No Brasil, o método canguru vem sendo utilizado há vários anos, com pequenas adaptações. Mesmo que o recém-nascido tenha menos de 2 kg e se encontre em boas condições vitais, pode permanecer alguns minutos ou até horas ao longo do dia juntinho da mãe. O tempo de convivência dependerá da resposta aos estímulos do bebê e a da disponibilidade da mulher em passar algumas horas com o filho no hospital.
Carinho e mais tempo
De acordo com o neonatalologista do Hospital Albert Einstein, César Lizo, de São Paulo, é preciso avaliar o estado geral da criança e verificar a possibilidade de realização da mãe canguru. "Nem todos os prematuros podem ser submetidos ao método, pois às vezes o estado de saúde é muito crítico. Um exemplo são os bebês que não conseguem manter a temperatura corporal e precisam necessariamente ficar na incubadora", explica o médico.
Basicamente, o método é utilizado para que a criança atinja o peso adequado, desde que não precise de medicamentos e aparelhos para a manutenção de suas funções vitais. Mesmo assim, o bebê é monitorado durante todo o tempo em que está no colo materno. "Uma equipe médica permanece de prontidão para socorrer a criança caso ela tenha algum problema", alerta o especialista.
Dr. César destaca que a técnica estimula o bebê a acompanhar os movimentos respiratórios materno enquanto está sobre seu peito. E a grande vantagem da técnica canguru é o carinho e a intimidade que mãe e filho podem desfrutar durante alguns minutos.
Segundo o médico, no entanto, é difícil afirmar que, comparado aos tratamentos convencionais, a recuperação do recém-nascido seja mais rápida. O grau de prematuridade influencia muito, mas o contato com a mãe favorece a recuperação da criança. "Com certeza, os prematuros que são submetidos ao método canguru adquirem mais capacidade neuropsicomotora e afetiva", conclui.