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Aprenda o que é ser superdotado

Por Julienne Gananian *


Seu filho aprende tudo de forma rápida e fácil, tem um vocabulário avançado em comparação ao dos amiguinhos ou se destaca em alguma habilidade de forma excepcional? Fique esperto, pois ele pode ser um superdotado!

"Ser um superdotado significa situar-se acima da média das pessoas em relação a alguma habilidade relevante", afirma o psicólogo Bruno Campello de Souza, diretor da Vade Mecum Consultoria, em Recife, uma instituição que dá orientação pedagógica a escolas. As características pessoais dos superdotados variam muito, mas existem alguns traços comuns entre eles. Confira:

  • Rapidez e facilidade para aprender, abstrair ou fazer associações;
  • Criatividade;
  • Capacidade para analisar e resolver problemas;
  • Independência de pensamento;
  • Habilidade excepcional para esportes, música, artes, dança, informática ou outros talentos;
  • Curiosidade e senso crítico exagerados;
  • Senso de humor;
  • Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais;
  • Bom relacionamento social e liderança;
  • Aborrecimento com a rotina;
  • Hipersensibilidade.

    Inteligência pode ser medida

    Se o comportamento do seu filho se encaixa em várias das características acima, ele pode ser um superdotado ou, como muitos especialistas preferem dizer, um Portador de Altas Habilidades (PAH).

    Campello afirma que outra forma de descobrir esse traço na criança é pelo teste de QI (Quociente de Inteligência), que consiste num conjunto de tarefas e problemas a serem resolvidos. A quantidade de acertos nesse teste é comparada com a média geral das pessoas, que gira em torno de 100, determinando maior ou menor nível de inteligência.

    "Esse é o método tradicional e o teste pode ser aplicado quando a criança é pequena, a partir dos cinco ou seis anos, desde que apresente bom domínio da leitura e da escrita", explica. Um psicólogo com conhecimentos na área de desenvolvimento intelectual ou na de educação também pode ajudar a criança e a família nessa descoberta.

    Como são criativos demais e se interessam muito pelas tarefas que escolhem, os Portadores de Altas Habilidades podem ser enquadrados em diversos tipos, de acordo com o Ministério da Educação e da Cultura.

  • intelectual: costuma ser flexível, independente e mostra fluência de pensamento, produção intelectual, julgamento crítico e habilidade para resolver problemas;
  • social: revela capacidade de liderança, sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, poder de persuasão;
  • acadêmico: demonstra boa capacidade de produção, atenção, concentração, memória, interesse e motivação pelas tarefas acadêmicas;
  • criativo: tem facilidade para encontrar soluções diferentes e inovadoras. Exprime-se bem, é fluente, original e flexível;
  • psicomotricinestésico: destaca-se pela habilidade e interesse por atividades físicas e psicomotoras, agilidade, força e resistência, controle e coordenação motoras;
  • especialmente talentoso: esse indivíduo tende a se destacar nas artes plásticas, musicais, literárias e dramáticas, revelando uma capacidade acima da média das pessoas em geral.

    Nem sempre é fácil ser gênio

    Alguns superdotados passam por dificuldades no relacionamento social. Muitas vezes procuram a companhia de pessoas mais velhas, na tentativa de encontrar parceiros com o mesmo nível intelectual ou o mesmo tipo de interesses.

    O medo de não ser aceito e de ficar só, especialmente na adolescência, pode levá-lo à ansiedade e a um maior envolvimento com atividades individuais. Algumas crianças superdotadas precisam ficar sozinhas, talvez mais do que as outras crianças, para satisfazer seus interesses pessoais. Os pais devem compreender e aceitar essa necessidade, desde que ela não se transforme num isolamento total.


    Segundo o psicólogo Bruno Campello a hipersensibilidade, que muitos superdotados possuem, pode ser exemplificada por meio de um poema da escritora amerciana Pearl Buck:

    "(...) um toque é um golpe,
    um som é um barulho,
    uma azar é uma tragédia
    uma alegria é um deleite,
    um amigo é um amante,
    um amante é um Deus
    e o fracasso é a morte"

    Ele diz que o superdotado olha o mundo através de lentes de aumento e completa: "por serem diferentes da maioria, enfrentam dificuldades em se adaptar a um mundo que não foi feito para pessoas como eles. No caso do Brasil, a situação agrava-se pela falta de oportunidades para o desenvolvimento dos talentos".

    Dicas para os pais de superdotados

    Quem tem um filho superdotado deve, antes de tudo, se informar muito sobre o assunto e depois discutir a questão com a criança ou adolescente, de forma clara e sincera. Se ele perguntar por que é diferente, explique que ele aprende um pouco mais rápido ou de forma diferente que os outros, mas isso não significa que seja "melhor que as outras crianças".

    Ele também precisa ter a certeza de que seus pais o compreendem e de que poderá falar quando quiser sobre suas dificuldades. Dessa forma a família o ajudará a desenvolver uma boa auto-estima.

    A resistência em aceitar regras é normal entre os superdotados, pois muitas vezes eles não as consideram justas nem necessárias. Os pais devem analisar os limites que estão impondo e explicar ao filho os motivos dessa conduta. Segundo o "Manual para pais e professores", da Associação Brasileira para Superdotados, outra dificuldade que a família costuma enfrentar é a falta de tolerância do superdotado. Ela deve ajudá-lo no processo de autoconhecimento, fazendo-o perceber que a convivência em sociedade exige esforço e compreensão de todas as pessoas.

    Também faz parte do papel dos pais estimular a convivência com outras crianças, encontrando amiguinhos capazes de desenvolver e compartilhar determinadas atividades. Além disso, devem fornecer materiais e informações que ajudem a matar um pouco da curiosidade de seu filho. Se ele se gostar de astronomia, por exemplo, pais e professores deverão ajudá-lo a encontrar livros, sites e estudos interessantes sobre o assunto.

    A enorme curiosidade faz com que os PAHs procurem campos pouco explorados pelos outros. Muitos são extremamente exigentes com seu desempenho, ficam insatisfeitos com o resultado e buscam outras alternativas para alcançar seus objetivos. Como isso pode gerar dificuldades para a família, em função de custos, por exemplo, é preciso estabelecer limites e fazer com que eles os entendam.

    Mudar de escola pode não ser solução

    Campello afirma que existem diversas formas de promover a adaptação do superdotado à escola para que ele não precise freqüentar uma instituição especial. Os professores podem "acelerá-lo", isto é, queimar algumas etapas até que ele se sinta confortável com o conteúdo de uma série mais adiantada.

    A família também pode facilitar a vida da criança por meio do chamado "processo de enriquecimento". Isso significa que o aluno cursa a mesma série que outros de sua idade, mas, fora da escola, realiza atividades especiais. Bruno Campello, que é superdotado e hoje tem 33 anos, conta sua história.

    "Fui alfabetizado aos quatro anos pela minha avó. Durante alguns anos estudei nos Estados Unidos freqüentando classes de crianças dois anos mais velhas que eu. Comecei a ter problemas de rendimento escolar e os professores decidiram me reprovar, para que eu me ajustasse melhor. Iniciaram, então, uma série de testes e entrevistas e descobriram que, na verdade, eu deveria avançar duas outras séries em vez de repetir! Concluíram que minha dificuldade de adaptação era devida ao meu alto QI, o maior da classe. Depois disso fiz cursos especiais, de esgrima e de violino, que reduziram minha dificuldade de integração social além de terem desenvolvido ainda mais minha capacidade intelectual."


  • Comentário:    
           
    lea 27 de March de 2011 | 21h 47

    ola tenho,33 anos moro no rio de janeiro, venho aqui pedia ajuda pois tenho um filho com 4 anos e 10 meses,ele não se interresa por sair e passear, apenas fazer desenhos, pinturas, ver televisão. qualquer atividade que seja em casa, a unica coisa que consegui até hj foi coloca-lo no judô 3x por semana.Ha sim ele tambem frequenta a escola e uma coisa vem me preoculpando é que ele não se inturma muito com a classe. prefere ficar só. gostaria de saber se isso é sintoma de crianças superdotada ou personalidade como descobrir? alguem pode me ajudar?

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