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Nem muito, nem pouco

Por Flavia Schwartzman *


Na hora de comer, é importante que pais e filhos tenham em mente uma regra: divisão de responsabilidades. Os pais são responsáveis por decidir o que será oferecido à criança, quando e onde. Ao pequeno, cabe decidir o quê, quanto e, até mesmo, se irá comer

Muitos pais se preocupam por não saber se a criança está comendo bem ou se eles estão colocando no prato a quantidade corrreta para que ela cresça e se desenvolva saudavelmente. Por isso, querem definir exatamente quanto colocar no prato.


É possível ter uma idéia da quantidade, com base nas recomendações de calorias que uma criança de determinada idade, em média, deve consumir. Mas é só uma idéia bem genérica, pois a quantidade vai depender de uma série de fatores, como altura, peso, sexo, fase de crescimento, atividade física. O seu filho de 7 anos vai precisar de mais calorias que o amiguinho da mesma idade se ele for maior e fizer mais atividades.

Forçar, uma política errada

Existe uma regrinha bem simples, que diz que se deve servir, para crianças de 1 a 6 anos, 1 colher de sopa de cada alimento para cada ano de idade; por exemplo, sirva 3 colheres de sopa de arroz, mais 3 colheres de sopa de feijão e assim por diante para uma criança de 3 anos. Mas lembre-se: há variações de criança para criança e de dia para dia.


A melhor coisa a se fazer, em relação à quantidade, é deixar a criança decidir por si mesma. Estudos mostram que elas, principalmente os pré-escolares, têm uma capacidade espontânea de regular a quantidade dos alimentos. Mas isto não acontece necessariamente de uma refeição para outra, e às vezes, nem de um dia para o outro.


Quantas vezes já aconteceu de seu filho comer como um passarinho e depois de alguns dias, como um leão? Este auto-controle, portanto, pode se dar ao longo de dias ou semanas e, por isso, os pais não devem ficar ansiosos se seus filhos não estiverem comendo tanto (quanto eles gostariam).

Respeito à fome e à saciedade

É claro que eles devem ficar de olho, pois a falta de apetite também pode ser sinal de um resfriado ou de alguma infecção, por exemplo. Mas lembre-se de que é, também, muito normal.

Na hora de fazer o prato, jamais esqueça de que as crianças são menores do que os adultos. Por isso, coloque porções menores do que as nossas e deixe que repitam, se quiserem. Da mesma maneira, não force seu filho a "limpar o prato". Ao deixá-lo decidir se quer mais ou se já está satisfeito, você o estará ensinando a reconhecer e respeitar as sensações de fome e saciedade.


Dessa forma, ele aprenderá a regular a ingestão de alimentos e, conseqüentemente, seu peso. Se não aprender a respeitar seus sinais internos, poderá comer mais ou menos do que necessita e vir a apresentar sobrepeso ou distúrbios alimentares.

Mesa não é lugar de folia

Estudos americanos demonstram que pais que controlam rigidamente a alimentação de seus filhos acabam provocando o efeito contrário. Quando longe da presença dos pais, a criança acaba comendo uma grande quantidade dos alimentos que foram regulados ou proibidos.


É claro que certos limites são necessários, até para não deixar que a criança transforme a hora da refeição numa batalha ou um palco de brincadeiras. Por isso, se seu filho não quiser mais comer ou ficar brincando com a comida, não obrigue, nem faça chantagens ou brincadeiras. Após um período razoável de tempo (30 minutos), retire a comida e deixe-o sair da mesa. Não sirva nada até a próxima refeição. Não se preocupe, isto não irá prejudicar uma criança saudável.


O papel dos pais (assim como de outros familiares e da escola também) é fundamental nesta divisão de responsabilidades. Cabe a eles oferecer uma alimentação saudável e gostosa. Desta maneira, a criança poderá escolher aquilo de que mais gosta, a partir de opções nutritivas.

Limites são aliados da boa alimentação

Cabe aos pais, também, a tarefa de controlar o horário das refeições. Esta é uma boa maneira de impor limites e colaborar para que a criança tenha uma rotina alimentar adequada. Quem fica beliscando o dia todo não terá fome na hora estipulada para se sentar à mesa. Provavelmente não conseguirá ingerir a quantidade adequada de alimentos e, conseqüentemente, de calorias e de todos os nutrientes de que necessita e poderá apresentar deficiências, como anemia.


Além disso, a grande maioria dos "beliscos" geralmente são calóricos (e pobres em nutrientes) como balas, biscoitos, chocolate, refrigerante, e quando consumidos em grande quantidade, podem levar ao sobrepeso.


É importante que os pequenos, assim como os adultos, comam em horários regulares. A única diferença é que como o estômago das crianças é menor, precisarão comer em intervalos menores. Aí é que entram os lanches. Eles também devem ser servidos em horários regulares, aproximadamente 2-3 horas antes das refeições, para dar tempo da fome chegar.


Os pais também devem estar atentos para que as refeições sejam servidas em um ambiente adequado, portanto, nada de comer na frente da televisão. Estudos indicam que quanto mais tempo a criança passa na frente da TV, maior a chance de apresentar sobrepeso.


Lembre-se, portanto, da divisão de responsabilidades. Você entra com o que servir, quando e onde, e a criança entra com o que comer e quanto.


* Flavia Schwartzman é nutricionista, formada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com especialização em Nutrição Materno-Infantil, Mestre em Nutrição pela Escola Paulista de Medicina.


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