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Tuberculose ainda existe e pode ser fatal
Por Carla Oliveira
* em 11/02/2003
Falar em tuberculose parece coisa do passado, mas não é. A doença está voltando e pode ser uma ameaça à saúde de muitas pessoas.
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A tuberculose é uma doença antiga. Grandes personalidades dos séculos XVIII e XIX, como o escritor Manuel Bandeira, tiveram tuberculose. Na época, acreditava-se que o ar puro curava a doença, e os doentes eram encaminhados a casas de repouso localizadas no alto de montanhas. Esse tratamento não surtia efeito e as mortes eram freqüentes. Na década de 60, foram desenvolvidos três antibióticos para o tratamento efetivo da tuberculose, que reduziram consideravelmente o número de casos da doença no Brasil. Em países desenvolvidos, a tuberculose já está praticamente controlada.
No entanto, a tuberculose parece estar voltando com toda força: é a segunda maior causa de morte por doença infectocontagiosa no país. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a tuberculose como emergência mundial e elabora estratégias para tentar acabar com a doença. No Brasil, o Ministério da Saúde pretende controlá-la até 2005.
O que contribuiu para restabelecer a doença foi o surgimento da AIDS, no começo da década de 80. "A AIDS abre as portas para outras doenças, porque enfraquece as defesas imunológicas. Mais de 60% das pessoas com AIDS acabam contaminadas pela tuberculose", explica o infectologista David Lewi, professor da Escola Paulista de Medicina.
Bactérias mais resistentes
A tuberculose é uma doença infecciosa causada por uma bactéria, o bacilo de Koch, que é transmitido pelo ar. A doença está concentrada nos bolsões de pobreza, mas não pense que só os pobres estão sujeitos a contraí-la. Se você estiver estressado, não estiver se alimentando bem e entrar em contato com a bactéria, também poderá ser uma vítima. Alcoólatras, fumantes e pessoas desnutridas são mais suscetíveis a desenvolver a doença.
"A BCG, vacina que o recém-nascido deve tomar no primeiro mês de vida, dá resistência contra a tuberculose, mas não imuniza 100%. Se o indivíduo estiver debilitado e se infectar, pode desenvolver a doença", esclarece o Dr. David.
O tratamento para a tuberculose dura 6 meses e a medicação não deve ser interrompida durante esse período, mesmo que os sintomas desapareçam totalmente. "A interrupção do tratamento favorece a sobrevivência das bactérias mais resistentes, o que pode causar a tuberculose crônica - cujo tratamento é mais complicado e mais caro", explica o Dr. David. Além disso, essas bactérias mais resistentes certamente vão infectar outras pessoas e assim por diante, fazendo com que a doença fique cada vez mais perigosa e difícil de tratar.
Observe os sintomas
O Sistema Único de Saúde (SUS) já garante medicamento gratuito nas unidades básicas de saúde a todos os que sofrem de tuberculose. A doença pode ser fatal, principalmente se o diagnóstico for feito tardiamente ou a medicação for interrompida antes do tempo necessário. Por isso, fique atento aos sintomas:
Perda rápida de peso
Tosse insistente
Febre e suor durante a noite
Dor no peito e cansaço freqüentes
Atenção: se houver eliminação de sangue ao tossir, é sinal de que a doença já está avançada. Procure um hospital imediatamente!