Nas prateleiras das lojas de discos podemos ver muito claramente: mpb, jazz, rock, pop, samba e pagode, clássica, infantil, entre muitos outros nomes para os tipos de música disponíveis no mercado. No entanto, a discussão sobre tipos ou gêneros musicais é muito controversa, até mesmo entre os musicólogos.
Um educador musical deve tomar base para a escolha de seus repertórios um critério geral de diversidade (quantitativa e qualitativa). A este critério geral o educador deve relacionar critérios mais específicos, relativos às suas abordagens pedagógicas e programas de ensino.
Para os pais e educadores não especializados, uma forma de escolher o tipo de música mais adequado para o desenvolvimento da criança é considerar a música como os demais objetos com os quais lidamos no cotidiano.
Por exemplo, em relação à alimentação, aprendemos a cuidar do tipo de alimento mais adequado para cada etapa do desenvolvimento da criança; cuidamos também das diversidades, qualidades e quantidades de alimentos, bem como do estímulo à apreciação do paladar. Quanto à linguagem verbal, sabemos nos reportar à criança com maior ou menor grau de complexidade do idioma falado; selecionamos também os temas apresentados e a profundidade de tratamento destes temas de acordo com o nível de maturidade da criança.
Com a música também pode ser assim. Tomando-se alguns cuidados, podemos e devemos apresentar todo tipo de música às crianças e não só aquelas especialmente produzidas para o público infantil. Neste contexto, mais importante do que o objeto a ser apresentado é a maneira como fazemos esta apresentação.
Como proporcionar uma boa experiência musical
Seja qual for a faixa etária da criança, seja em casa ou em qualquer outro ambiente, seja qual for o período do dia, algumas idéias podem colaborar para uma experiência de escuta musical agradável e enriquecedora:
1. quanto às características acústicas, devemos estar atentos aos níveis de ruído mais adequados à escuta saudável;
2. quanto às características emocionais, devemos estar atentos ao "caráter" da música e aos efeitos que ele pode causar (por exemplo, os estados psíquicos de medo/encorajamento, tristez/alegria, e, sobretudo, aos efeitos de "estimulação" ou "relaxamento" relacionáveis ao "brincar" e ao "ninar");
3. quanto à diversidade de gêneros musicais, devemos apresentar de tudo um pouco: músicas vocais e instrumentais, populares e clássicas, tradicionais e experimentais.
Os CDs e DVDs são sempre um recurso bem vindo, mas, na medida do possível, devemos levar a criança para apreciar situações de performance musical "ao vivo", como shows, concertos, etc.
Desta forma, os pais e educadores podem contribuir para a formação de uma cultura musical ampla na vida dos pequenos educandos, além de expandir sua própria escuta ao conhecer novos gêneros musicais e novas formas de ouvir música.
* Aline Romeiro e Wlad Mattos Aline Romeiro é musicista e educadora musical. Mestre em musicologia pela Unesp. Wlad Mattos é músico, pesquisador e educador musical. Mestre em música pela Unesp. Ambos são diretores da Baby Arts - Música e Interação, organização especializada no desenvolvimento de atividades artísticas e educativas para bebês e crianças de 0 a 3 anos. contatos@babyarts.com.br