Terça, 19 de março de 2024
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Bilhetes e bilhetinhos...

Por Lucy Casolari *


Na semana passada o seu filho trouxe da escola um bilhete da professora com uma anotação sobre o comportamento inadequado na sala de aula. Hoje chegou outro dando ciência da falta de uma lição. E você, como se sente?

Essas comunicações, embora variem na freqüência de uma escola para outra, fazem parte da rotina da maioria. A intenção é manter os pais informados a respeito das atitudes, aproveitamento, interesse e empenho dos filhos, fazendo com que acompanhem, o mais de perto possível, a sua vida escolar. De fato é impossível ignorá-los, ainda mais que devem ser devolvidos devidamente assinados pelos responsáveis. E é aí que as coisas se complicam...

O que os pais podem fazer

Ao receber uma comunicação-queixa da escola, em geral os pais se sentem na obrigação de tomar alguma atitude, seja ela qual for. Há um certo dedo acusador pairando no ar... Afinal o que a professora espera que você faça se seu filho chegou atrasado do recreio? E se ele se envolveu em uma briga?


Cabe uma análise mais detalhada para reagir assertivamente, pois só assim será possível transformar esse bilhete em uma oportunidade para educar. Fique especialmente atento para não assumir a responsabilidade pela criança, ou ainda tomar a total defesa dela. Se houver dúvidas em relação ao que, de fato, aconteceu, não hesite, entre em contato com a escola para se inteirar melhor. Evite responder ao bilhete com outro. Será, com certeza, mais produtivo marcar um encontro pessoal.

Como lidar com a situação

Leve em conta a freqüência desses eventos. Se for apenas uma questão ocasional, uma boa conversa com seu filho será o suficiente: procure fazê-lo contar a própria versão do acontecido e pondere suas razões e as da escola. Mostre-lhe que não foi agradável para você receber esse comunicado, mas não faça disso um drama. Transformar esse fato em castigo do tipo "sem assistir TV por uma semana", tem pouca eficiência, pois uma coisa não tem nada a ver com a outra e, portanto, não contribui para a educação.


No caso de seu filho trazer para casa um número alto de bilhetes, cabem outras ponderações. Isso pode estar acontecendo como uma forma de chamar a sua atenção, ainda que pelo aspecto negativo. Essa análise, só os pais poderão fazer. Assim, considere a vida familiar, o tempo destinado aos filhos, as necessidades e carências de cada um. Em alguns momentos da vida, crianças e jovens sentem-se sós e utilizam diversos recursos para garantir o espaço e a atenção de que necessitam.


Outra questão que deve ser levada em conta é qual a política da escola a respeito das comunicações. Algumas instituições partem do princípio de que os pais têm que saber tudo o que acontece com seus filhos no espaço escolar, havendo assim uma banalização desses bilhetinhos, pois chega num ponto em que toda a eficácia se perde no meio dessa profusão de papéis...


Ainda pode estar acontecendo uma situação de desajuste ou falta de empatia entre a proposta e a metodologia da escola e o seu filho. Nesse caso é provável que você receba bilhetes praticamente todos os dias, principalmente se forem vários professores. Para ter certeza de que a questão é essa, é preciso considerar outros sinais - como ele se refere ao colégio, se há resistência para ir à aula, se aparecem sinais de sofrimento ou angústia ou queixas com freqüência exagerada - afinal, é comum que os jovens reclamem da escola.


Se ficar configurada essa falta de adaptação, convém marcar um horário com a orientadora para expor suas ansiedades e ouvir o lado da escola e dos professores. Dessa conversa você poderá tirar suas conclusões e até mudar seu filho de colégio, se assim julgar conveniente. Lembre-se de que é fundamental que sua relação com a escola seja de confiança - e não apenas de consumo.

Definindo as responsabilidades

O espaço escolar é ideal para ensinar aos alunos a responsabilidade pela sua vida de estudante. Afinal nada melhor do que acostumar as crianças, desde pequenas, a serem responsáveis por suas atitudes. Isso se desenvolve a partir da atuação da escola. Para isso, os professores precisam estar preparados e autorizados a lidar com essas situações diretamente com os alunos.


Tratos, contratos e combinados, entre uns e outros, têm efeito positivo e contribuem de forma salutar para a autonomia de crianças e jovens. Alíás, a dobradinha infalível é justamente essa: responsabilidade e autonomia, uma depende da outra para poder frutificar.


Então sobrou tudo para a escola? Claro que não, aos pais cabe ajudar o filho a desenvolver o papel de aluno, para que no futuro se torne um cidadão responsável. Para isso cuide dos detalhes práticos, organize o seu horário garantindo o tempo necessário aos estudos, confira o seu material de tempos em tempos, providenciando o necessário.


Demonstre, sobretudo, interesse pelo que ele está aprendendo e estimule sua curiosidade pelo conhecimento. Além disso tudo, a maior contribuição que você pode dar para a educação de seu filho é estar presente para encorajá-lo a enfrentar desafios e vencer os obstáculos que surgirão dentro e fora do espaço escolar.



* Lucy Casolari é pedagoga e educadora


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