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Cuidado com o excesso de ruídos

Por Sonia Salama * em 06/09/2001


Vivemos rodeados por ruídos: na rua, no trabalho, em casa. Todo esse barulho pode prejudicar a audição - sua e dos seus filhos.

Quem de nós, adultos, já não passou por momentos em que qualquer barulho nos irrita? Há ocasiões em que não suportamos que alguém nos dirija a palavra ou então gritamos com todos ao nosso redor para pedir um minuto de silêncio. Vocês já pararam para pensar como está cada vez mais difícil vivermos alguns instantes de silêncio? Em princípio, adultos sabem (em tese) como organizar ou encontrar o tal silêncio. E as crianças? E os adolescentes?


Voltemos a atenção para os ruídos do cotidiano: não é raro ouvirmos, simultaneamente, o barulho de um avião a jato, um helicóptero, uma serra elétrica, uma sirene, várias buzinas. E, para distrair, chegamos ao cúmulo, ainda, de ligar o rádio! Bem, já que temos excesso de ruídos nas ruas, nada como ir para casa e relaxar. Logo que chegamos, porém, ouvimos o telefone, o celular, o videogame, o microondas avisando que a comida está pronta, secador de cabelos, a televisão ligada sem que ninguém esteja realmente concentrado em algum programa. Ufa!

Volume no máximo

Até agora falamos em ruídos. E a música? Para os adolescentes, música só é boa em alto e bom som. Isto vale tanto quando se ouve em casa, como para se divertir em danceterias. Há pesquisas que indicam ser de 105 a 115 dB os níveis de ruídos atingidos em festivais de música jovem! Os rádios de carro chegam, às vezes, a atingir 120 a 140 dB. Os "dB" significam decibéis, que medem a intensidade do som, isto é: mais forte ou mais fraco.


Além disso, é importante ressaltar que não só a intensidade influi, mas também a duração dos estímulos. Então, ouvir um CD em volume alto, de vez em quando, não tem problema. Mas cuidado ao passar muito tempo em danceterias com o som no máximo ou ligar, constantemente, o rádio do carro no último volume.

Problemas de saúde

O ruído urbano pode acarretar uma série de problemas para os indivíduos, com prejuízos à saúde. Por exemplo, após longa exposição a ruídos de intensidade excessiva, muitas pessoas podem sofrer perdas auditivas. Esses estragos nem sempre são percebidos de imediato, uma vez que as freqüências atingidas não prejudicam a conversação, isto é, a interação social.


As freqüências da fala variam entre 500 a 2000HZ (Hz é Hertz, que mede as freqüências, do grave ao agudo). Em outras palavras: o prejuízo, no início, pode atingir outras frequências, geralmente acima de 4000 Hz. O que isso quer dizer? Que a pessoa consegue conversar normalmente, sem esforço, mas começa a sentir dificuldades para ouvir sons mais agudos, como o de uma campainha, por exemplo. A longo prazo, tais perdas podem progredir, atingindo então as freqüências críticas da comunicação.


Além das perdas auditivas ocorrem outros problemas, até mais graves, que não apresentam uma relação direta entre causa-efeito. Poucas pessoas imaginam que a exposição excessiva a ruídos chega a causar alterações no sono ou dores de cabeça freqüentes. Os mais comuns, além da cefaléia, da insônia e/ou agitação durante o sono, são as mudanças na concentração e na atenção, irritação ou problemas gástricos.


Deve-se tomar cuidado, pois os efeitos deste gênero são, na sua grande maioria, conseqüência da exposição a ruído igual ou superior a 70 dB. A relação, felizmente, não é direta: depende das características individuais, do período em que ocorreu tal exposição e da própria suscetibilidade do indivíduo. Os limiares suportáveis de cada um diferem bastante.


Outra ocorrência, esta não ligada à presença constante de fontes sonoras inadequadas, é o trauma acústico. Consiste em uma lesão na região do ouvido interno decorrente de traumatismos (acidentes), explosões e ruídos muito fortes.

Música para os ouvidos

Portanto, mantenha-se alerta em relação ao uso de amplificação sonora, à convergência de diferentes fontes sonoras e à estimulação excessiva de bebês e crianças. Nem todos os ruídos chegam a prejudicar nossa saúde, mas, de qualquer forma, tente manter o equilíbrio.


Lógico que, por exemplo, não somos capazes de interferir em características acústicas desfavoráveis típicas de cidades grandes como São Paulo ou Rio de Janeiro. São Paulo tem sido apontada como uma das cidades mais barulhentas deste planeta, com níveis de ruído por volta de 100 dB. No entanto, nossa saúde agradece se todos os ruídos passarem a ser "música para nossos ouvidos"...


* Sonia Salama é fonoaudióloga bilíngüe (inglês, português), mestre em Lingüística Aplicada, coordenadora da Clínica Potencial http://www.clinicapotencial.com.br/


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