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Cura na ponta das agulhas

Por Maria Paola de Salvo * em 05/04/2002


Surgida há mais de 5000 anos, a acupuntura promete aliviar dores, curar doenças e até combater a infertilidade!

Pode parecer contraditório curar uma dor com outra. Porém, não duvide. Para a medicina oriental, algumas agulhadas nos pontos certos do corpo não trazem nenhum sofrimento e ainda reequilibram sua energia!


Embora os benefícios das agulhas tenham sido descobertos há milhares de anos, apenas agora a medicina ocidental consegue explicá-los cientificamente, além de reconhecer e adotar a técnica de acupuntura como tratamento para as mais diversas doenças.


As agulhas são colocadas em pontos da superfície da pele - existem cerca de mil por todo o corpo! - e podem ter uma penetração que varia de alguns milímetros até centímetros. Fique tranqüilo, isso é feito de forma rápida e você nem irá perceber a dor: essas agulhinhas têm a grossura de um fio de cabelo!


Quando elas são inseridas provocam estímulos nas terminações nervosas, desencadeando alterações bioquímicas no organismo, que passa a liberar endorfinas, serotoninas e outros neurotransmissores. Essas substâncias são encarregadas de transmitir impulsos nervosos, ou seja, as "mensagens" que nosso cérebro deve obedecer. Por isso, são responsáveis pelos vários tipos de sensações que o ser humano experimenta. A endorfina é capaz de aliviar a sensação de dor e conceder euforia, por exemplo. Já, a serotonina é um neurotransmissor que regula os estímulos dos batimentos cardíacos e o início do sono.


"Essa seria a explicação moderna para o que os antigos chineses denominavam ch´i, a energia vital controladora de todas as funções orgânicas", explica o Professor Doutor Jou Eel Jia, médico acupunturista do Instituto Brasileiro de Pesquisa Holística em Medicina (Ibraphema), em São Paulo.


Toda essa energia circula por diversos "canais", os chamados meridianos, onde se localizam os vários pontos, isto é, os alvos das agulhinhas. Cada um destes pontinhos está ligado a determinadas funções ou órgãos do nosso organismo. Por meio de sua correta estimulação pode-se variar essa energia e induzir a liberação dos neurotransmissores para aliviar os sintomas, harmonizar o organismo ou, até mesmo, curar o paciente.

Espetadelas poderosas

Como na medicina ocidental, a acupuntura também depende de um diagnóstico preciso para tratar uma doença de forma eficiente. Além do exame clínico habitual, o médico procura observar o ritmo e a intensidade da pulsação, a coloração da língua e até o tom da sua voz, que demonstram a quantas andam sua energia e sua saúde.


Feito isso, o médico estabelecerá o tratamento adequado e diferencial para cada tipo de problema. E é grande a lista dos males combatidos por esta técnica oriental: 300 doenças, de acordo com a Sociedade de Medicina Tradicional Chinesa.


A acupuntura funciona muito bem para alergias, rinites, asmas, dores musculares, infecções, depressões, ansiedade, stress e até na infertilidade. "Um paciente meu não tinha espermatozóides e o tratamento tornou possível a produção espermática. Hoje sua mulher já está no quarto mês de gravidez", ressalta o dr. Jou Eel Jia.


Para Maria Christina Paolillo, 80 anos e adepta das agulhas há mais de 4, o bem estar proporcionado pela técnica é enorme. "Comecei o tratamento por causa da artrose no joelho, mas hoje vejo que a acupuntura foi capaz até de curar um início de depressão!", diz.


Se as espetadelas não curam problemas graves como câncer, ao menos aliviam os sintomas e os efeitos devastadores da quimioterapia no organismo, melhorando a qualidade de vida do paciente.


Para tratar algumas dessas doenças, no entanto, as agulhas às vezes têm de contar com a ajuda dos remédios alopáticos ou de outras terapias auxiliares, como a quiroterapia, a homeopatia ou a fitoterapia para se obter um melhor resultado e evitar o simples mascaramento dos sintomas.

Crianças e grávidas na mira das agulhas

Deixe a preocupação de lado! Embora a acupuntura seja um método invasivo, já que as agulhas são inseridas sob a pele, não apresenta riscos de infecções ou contaminações, uma vez que costumam ser descartáveis ou de uso exclusivo do paciente.


Porém, se o seu medo das agulhadas ainda for maior do que o bem-estar que a acupuntura pode lhe proporcionar, não se desespere! Você não precisa desistir do tratamento, pois existem instrumentos alternativos para aquela "picadinha" incômoda.


O soft laser, também conhecido como laser frio é um desses. As luzes que emana não causam dor, mas o efeito não é tão imediato como o das agulhas. Os micro-choques são outra opção, além da moxa, fibra de uma erva que, quando queimada, libera calor e este estimula os principais pontos. Dr. Jou explica que costuma recorrer a toda esta parafernália, principalmente no tratamento de crianças, que freqüentemente fogem das agulhas. "A criançada sai mais calma, livre do estresse, que hoje em dia se tornou precoce, principalmente devido às várias atividades que têm de cumprir", salienta.


Grávidas também não precisam temer as agulhinhas! Elas não costumam apresentar efeito colateral algum. Ao contrário: enjôos, cólicas, constipação, azia, lombalgia, depressão pós-parto, problemas comuns na gravidez, são alguns dos alvos da técnica oriental. "Na gestante, existem apenas alguns pontos onde não se deve colocar as agulhas, mas não há qualquer contra-indicação", garante o médico. E você ainda mantém seu bebê livre dos efeitos nocivos dos remédios, já que o tratamento reduz a necessidade do uso de drogas.


Além disso, elas podem melhorar o equilíbrio do corpo da mãe, do qual depende o feto, contribuindo para manter não apenas o seu organismo mais resistente e relaxado, como também o do bebê.


Todo este relaxamento tem motivo: cada sessão dura em média 20 minutos e durante este tempo o paciente permanece deitado, ao som de músicas suaves e num ambiente agradável. "Uma vez cheguei até a dormir na sala", afirma o advogado Arlindo de Salvo, que há quase 5 anos se trata com a acupuntura regularmente. Por isso, ela pode ser empregada até em anestesias. "A acupuntura muda o jeito de as pessoas verem o mundo. Os pacientes ficam mais otimistas e livres das tensões", finaliza o dr. Jou Eel Jia.


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