Terça, 23 de abril de 2024
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Drogas, como não chegar lá

Por Suzanna Amarante Levy *


Jovens que recorrem às drogas estão, em geral, tentando anestesiar um tipo de sofrimento difícil de superar. Fique de olho!

Uma das maiores preocupações dos pais com relação à educação dos filhos diz respeito às drogas, não é mesmo? E o que eles mais se perguntam, angustiados, é como mantê-los à distância dessa tentação que ronda as escolas, as festas, as "baladas" que eles freqüentam.


Conhecer algumas das causas e as medidas preventivas a serem tomadas são os primeiros passos para evitar quaisquer problemas. É preciso, então, saber que um adolescente começa a usar drogas por incapacidade de lidar com a frustração, com a tristeza e com a ansiedade.


A inabilidade de vivenciar esses sentimentos e suportar sofrimentos tornam o adolescente uma presa fácil para o vício, pois é nessa fase que ele começa a viver experiências novas e desafiadoras. Ele entra nessa roubada, também, por achar que nada o atingirá; se sente poderoso e pensa ter controle sobre si mesmo.



Como cada etapa de nossas vidas nos prepara para o que está por vir, é durante a infância que a criança deve aprender que nem tudo são flores. Esta é, também, a hora certa para que os pais deixem bem claro que eles estão ali, prontos a ajudar, no que der e vier.

Família sadia, criança boa de cuca

A família é o eixo que nos conduz, portanto é bobagem pensar numa criança, ou num jovem que está enfrentando dificuldades, como um problema isolado; a família toda tem participação nisso. Acredite: a criança é sensível à crise familiar e seu comportamento reflete o que acontece à sua volta.


Por isso, é primordial que pai, mãe e filhos tenham uma comunicação sincera e constante; assim, ao primeiro sinal de que algo não vai bem, uma boa conversa colocará tudo em pratos limpos. Quando não há intimidade e confiança entre as pessoas da casa, os problemas tendem a crescer por falta de um bom bate-papo.


Quem sabe, voltar um pouquinho no tempo ajude-o a melhorar a maneira de lidar com seu filho. Procure se lembrar de como era a sua relação com seus pais: havia conversa suficiente para resolver as suas angústias? Eles lhe transmitiam segurança? Com quem você contava nas horas difíceis? Agora que você conhece os dois lados da moeda - foi filho e é pai - poderá encontrar novos caminhos para o crescimento da família.


Famílias que impõem regras rígidas devem repensar seus conceitos e negociar com o adolescente formas sadias de convivência. É preciso respeitar a individualidade de todas as pessoas da família para que ninguém se sinta "soterrado" por crenças e mitos.

Aprendendo a lidar com sentimentos

Medo

Superar o medo é tarefa difícil até para marmanjos; imagine para as criancinhas! É, também, por meio dos pesadelos que os pequenos convivem com esse sentimento. Aproveite os momentos em que seu filhote acorda assustado para dizer-lhe que você também sente medo quando tem pesadelos.


Se seu filho disser que havia monstros, diga-lhe que há coisas que parecem monstros e que você o ajudará a enfrentá-las. Dizer-lhe que os bichos feios que ele vê nos pesadelos não existem, não surtirá efeito pois, na verdade, esses monstros com os quais ele sonha são as imagens dos sentimentos de medo e aflição que seu filho vive no dia-a-dia.


Abrace a criança carinhosamente para que ela se acalme. Fique junto dela e peça-lhe que conte o pesadelo. Assim, ela enfrentará o pavor que está sentindo, verá que é forte o suficiente para isso e, o mais importante, sentirá a sua proteção.


Levá-la para a sua cama pode não ser uma boa idéia, pois ela não terá a oportunidade de lidar com o medo e, conseqüentemente, não saberá como vencê-lo.


Frustração

Dar tudo o que a criança quer gera despreparo emocional para enfrentar
os vários "nãos" que ela receberá da vida quando adolescente e adulta. O ideal é ser coerente na hora de satisfazer os desejos de seu filho, despertando a valorização do esforço necessário para conseguir aquilo que ele tem.


Só assim, os pequenos aprenderão a conviver com a frustração de não alcançar todos os seus desejos.


Baixa auto-estima

Cuide para que seu filho tenha a certeza de que você confia nele. Há situações que, para você, podem não ter muita importância, mas para a criança que ainda está formando e descobrindo a própria personalidade tem diversos reflexos.


Quando você negar um pedido de seu pequeno para dormir na casa do primo ou de um amiguinho, faça-o mediante bons argumentos. Não diga simplesmente que acha perigoso ou, então, que não dará certo. A criança pensará que ela é incapaz de passar uma noite ou um final de semana longe dos pais; e o pior é que ela poderá deduzir que o problema está nela, já que seus amiguinhos fazem isso com freqüência e nada de errado acontece.


Outra situação que pode fazer os pequenos se sentirem incapazes é quando estão às vésperas de uma prova e os pais se mostram inseguros em relação ao desempenho deles. Uma coisa é você mostrar interesse pelos estudos do seu filho; agora, controle a sua ansiedade para que ele não se sinta desacreditado.


Em maiores proporções, a mãe que não deixa a criança viver as experiências apresentadas pela vida sinalizando, mesmo de forma inconsciente, que a criança não é capaz de viver sozinha, gera uma sensação de incapacidade, dependência e automaticamente baixa a sua auto-estima. As passagens das diferentes fases - infância, adolescência, maturidade - tornam-se verdadeiros martírios pelo medo de crescer.



Culpa e insegurança

A criança acredita ser aquilo que os pais dizem - por meio de palavras e atitudes - que ela é. Portanto, se eles insistem em afirmar que ela é inteligente, ela terá essa certeza e se cobrará por isso. É claro que os pais devem acreditar no desenvolvimento e na capacidade dos filhos, porém é preciso não depositar neles uma carga pesada demais para seus ombros ainda frágeis.


Esse peso excessivo tende a provocar diversos sintomas: sentimento de incapacidade por não satisfazer às expectativas da família; culpa por frustrar os pais e, ainda, insegurança para assumir o caminho que realmente deseja seguir.

O que todos eles precisam

  • A imposição de limites é essencial para que a criança aprenda as regras do jogo da vida e tenha a certeza de que está sendo cuidada.


  • Tempo bem aproveitado: mais valem trinta minutos de carinho e atenção do que um dia inteiro pontilhado de gritos e incompreensão.


  • Noções claras de hierarquia: é preciso que a criança saiba que a autoridade dos pais deve ser respeitada.


  • Espaço para serem ouvidos sobre o que acontece na escola, com os amiguinhos e em casa.


    * Suzanna Amarante Levy é psicóloga clínica e terapeuta individual, de casal e de família. Supervisora em terapia familiar do CEAF (Centro de Atendimento à Família). Membro da Diretoria da APTF - Associação Paulista de Terapia Familiar.


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